Notícia publicada em: Jornal da Manhã
Área plantada praticamente dobrou nos últimos cinco anos na região e já iguala ao cultivo de aveia
Municípios da região dos Campos Gerais irão ampliar a área plantada de cevada nesta safra de inverno de 2022. Somados todos os 19 municípios abrangidos pelo núcleo regional do Departamento de Economia Rural (Deral), espera-se alcançar 22 mil hectares, valor que representa a maior área já plantada na região. Na safra anterior, em 2021, pela primeira vez a área plantada alcançou os 20 mil hectares (20,1 mil/ha), o que significa que a alta, neste ano, foi de 9,08%. No Paraná, a perspectiva é de que sejam plantados 74 mil hectares, mostrando que os Campos Gerais têm participação de quase 30% na área total do Estado. O Paraná é líder nacional em produção de cevada, responsável por cerca de 70% do abastecimento nacional.
O crescimento na área plantada, contudo, não é uma exclusividade de 2022. Um levantamento dos últimos 10 anos na região, feito com base nos dados disponibilizados pelo Deral, que é vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB), mostram que houve o crescimento da área plantada por nove anos, com uma redução apenas de 2015 para 2016. No momento, 12% da área estimada foi plantada na região, valor que está um pouco abaixo do esperado, devido às chuvas registradas nas últimas semanas – mas a janela de plantio vai até o final deste mês. O ciclo é de aproximadamente 4 meses.
Luiz Alberto Vantroba, economista do núcleo regional do Deral, ao justificar o crescimento do plantio, esclarece que a região possui clima propício para o seu plantio, além de ser mais uma opção entre os cultivos de inverno, quando o trigo predomina, e também há a preferência pela aveia. Somadas as áreas projetadas para essa safra com o plantio de aveia (22,1 mil hectares), cevada e trigo (170 mil hectares), mais de 200 mil hectares serão preenchidos nos Campos Gerais – valor que corresponde a menos da metade dos 541,9 mil plantados na primeira safra de verão apenas com soja.
Nos Campos Gerais, a produção é fomentada especialmente por cooperativas (Frísia, Capal e Castrolanda), bem como por produtores independentes, fazendo com que haja esse crescimento ano a ano, explica Vantroba. Uma parte representativa da cevada produzida é destinada para a maltaria da Agrária, em Guarapuava. “Essa é uma cultura de inverno que, com condições climáticas ideais, produzem bem, cerca de 5 mil quilos por hectare. As cooperativas têm contrato com a Agrária, e entregam a produção para eles, como acontece há alguns anos”, informa o economista.
Vantroba explica que Tibagi e Ponta Grossa lideram a produção de cevada: em 2021, 4.798 hectares foram plantados com cevada em Tibagi, enquanto que em Ponta Grossa a área ocupada foi de 4.323 hectares. “E esse ano também está se repetindo o mesmo panorama, com Tibagi e Ponta Grossa. São municípios que têm muitos associados de cooperativas. Mas também há produtores independentes em Palmeira, Castro, Irati, Fernandes Pinheiro, entre outros municípios”, completou o especialista do Deral.
Investimento industrial amplia o plantio nas cidades dos Campos Gerais
Diante da área disponível para plantio, e a vocação dos Campos Gerais para a cevada, as cooperativas Agrária, Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola e Frísia constroem, em Ponta Grossa, a Maltaria Campos Gerais. Fruto de um investimento inicial de R$ 1,6 bilhão, e que chegará a R$ 3 bilhões ao final da segunda fase, prevista para ser concluída em 2032, a maltaria será a maior da América Latina em volume de produção. Para isso, a área plantada com cevada vai crescer na região. Somadas as áreas da região de Ponta Grossa e Irati, a perspectiva é de que, até 2026, a produção irá triplicar, atingindo 75 mil hectares, segundo estimativa do Deral. “As cooperativas já estão fomentando e incentivando a cultura, porque quando a fábrica estiver funcionando, eles precisarão ter um volume de produção maior. Então, a área já está aumentando, para quando a indústria estiver pronta, já tenham a produção necessária para o fornecimento”, explica Vantroba.
Produção no Paraná deve crescer 27%
No Paraná, os 74 mil hectares plantados deverão render a colheita de 345,8 mil toneladas de cevada. Se houver confirmação, o crescimento será de cerca de 17% em relação às 296,8 toneladas do ano passado. Já na região de Ponta Grossa, espera-se a colheita de 92,4 mil toneladas, valor que é 26,7% superior às 77,6 mil toneladas colhidas em 2021. O rendimento previsto por hectare neste ano na região está estimado em 4,2 mil quilos, valor 9% superior aos 3.850 da safra passada.