Notícia publica em: Globo Rural
As cooperativas agropecuárias que apostaram em industrialização para agregar valor à produção de cooperados têm faturado alto mesmo com a instabilidade econômica trazida desde o ano passado pela pandemia de Covid-19. O fortalecimento da veia industrial das cooperativas, de acordo com especialistas do setor, é uma tendência que deve ganhar cada vez mais espaço no sistema cooperativo por diversificar as fontes de renda e, claro, garantir bons resultados.
No Brasil, o setor agropecuário tem hoje 1.223 cooperativas, com mais de 992 mil cooperados e 207 mil empregos, segundo os dados mais recentes do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Conforme a Aliança Cooperativa Internacional, mais de 10% das 300 maiores cooperativas do mundo, hoje, são do ramo agropecuário. Em 2019, antes da pandemia, a aplicação dos recursos pelas cooperativas agropecuárias somou R$ 23,76 bilhões, apontam dados do Banco Central do Brasil e do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (SICOR). Deste total, R$ 10,19 bilhões – 43% – foram aplicados em operações de industrialização.
Seung Hyun Lee, diretor executivo da Castrolanda e diretor da Unium, holding paranaense de intercooperação entre Frísia, Castrolanda e Capal, enxerga as cooperativas no Brasil em um nível de profissionalização equivalente ao de muitas grandes empresas. “Muitos estudiosos comentam que, para ganhar mais produtividade no futuro, as empresas precisam colaborar dentro da cadeia. As empresas precisarão aprender a fazer isto, mas as cooperativas já nasceram assim, colaborando com cooperados e entre cooperativas”, afirma. A Unium fechou 2020 com faturamento de R$ 211 milhões no ramo de trigo, resultado 31% maior que no ano anterior, mesmo durante a pandemia. A produção de leite da marca também cresceu. Segundo a empresa, o volume subiu de 3,21%, chegando a quase 1,3 bilhão de litros e um faturamento aproximado de R$ 2,4 bilhões – 26% acima do de 2019.